CONHECENDO A CACHOEIRA DOURADA NOS ANOS 70

 

A CACHOEIRA DOURADA

 

Fomos também em um fim de semana, visitar a Cachoeira Dourada.

 

A belíssima cachoeira, alimentava uma barragem imensa, rodeada por uma branca areia, não me lembro se era artificial. Para atravessar de um lado para outro, se usava barcos a motor que fazia a viagem rápida atravessando a forte correnteza

 

Além de uma gigantesca barragem que produz energia aproveitada para iluminar Brasília, existia também boa comida e hospedagem para turistas e pescadores. Os pescadores usavam gaiolas para criarem peixes e camarões de água doce. Estes pescados eram colhidos e fritos na hora para os poucos turistas que por ali se aventuravam nos fins de semana.

 

 Logo acima da cachoeira, existia uma ilha transformada em cemitério pelos índios Caraíbas. Sepultados dentro de um pote com todos os objetos e adornos cerimoniais, que contavam a sua história em vida.

Antes distrito de Itumbiara, município de seu estado do qual é vizinho, a vila se formou as margens do Rio Paranaíba, de onde os moradores da região retiravam seu sustento que era a base da pesca. Mas o nome da cidade se deve a que até a década de 50 existia uma linda cachoeira, que segundo relatos de moradores da época, se podia ouvir o som da cascata ao longe, e o “dourada” se refere ao reflexo do sol no vapor da água que caia da cachoeira formando um arco-íris e também grande quantidade de dourados que se podia pescar na época.

 

 Quando o presidente Juscelino anuncia a criação de Brasília, então se começa a construção de uma usina hidrelétrica para prover energia à então futura capital. Hoje a usina hidrelétrica ocupa o lugar da então Cachoeira Dourada.

 

Segundo a lenda, os índios tinham suas almas protegidas por um arco-íris formado pelo brilho do sol em contato com a água da cachoeira. Após o sepultamento, os índios contemplavam o arco-íris a Ituverava (Cachoeira Dourada em Caiapó), pedindo para que protegesse seus filhos.

 

Lembro-me que os padres conseguiram autorização do Estado para explorar o cemitério indígena a titulo de preservação histórica.

 

Na segunda vez que lá fomos, encontramos diversos potes gigantes de barro, que estavam escondidos numa caverna.  Pegamos muitos desses potes, com esqueletos adornados dentro. Parecia ser do chefe enterrado em toda a sua majestade. Acredito que até hoje eles estejam expostos no Colégio São José, em Ituiutaba.

 

 Na nossa primeira travessia, houve um incidente muitíssimo perigoso, apesar de já estarmos acostumados a nadar em pequenos córregos e lagoas. Querendo tirar uma foto, o padre prefeito pediu-nos que fizéssemos pose. Quando estávamos prontos, ele percebeu que havia pouca luz e pediu para o barqueiro mudar a posição. Ele imediatamente fez uma curva o que quase nos jogou nas águas caudalosas, o que poderia certamente nos levar a morte.Era do outro lado que poderíamos acessar a Cachoeira.

O rio se espalhava pelas pedras formando vários riachos e poços antes de despencar lá de cima. Após desembarcar, atravessamos a praia chegamos a uma subida de onde já se recebia os respingos da queda d’água que distava uns duzentos metros. O sol forte que se refletia na cortina de água que descia da cachoeira,  fazendo jus ao nome de Cachoeira Dourada.

 

Era como uma cabeleira de mulher com aplicação de reflexo. Muito linda. E ainda subia aquela neblina que nos molhava mesmo a uma grande distância.  Na parte de cima, podia-se aproximar da cachoeira. Em alguns locais entre as pedras, havia crateras profundas com água escura, que nos parecia vir de baixo para cima enchendo aquele poço sem fundo visível. Várias pessoas competiam para ver quem atingia o fundo, o que logo percebemos na prática não ser possível, pois depois de certa fundura, se perdia totalmente a visibilidade e isso nos causava, acredito, a todos um medo imenso que nos fazia voltar rapidamente a tona.

Comentários