NO SEMINÁRIO, EM ITUIUTABA - MG

 

O NOIVO LOUCO E O POLICIAL FEDERAL 

 

Quando eu era seminarista, todos os domingos, a gente ia à Igreja Matriz de Ituiutaba e ocupava uma área já reservada, no lado direito, ao lado dos confessionários. As pessoas vinham se confessar e muitas vezes, não mantinham um tom recomendado para um lugar de oração, falando alto os seus pecados, contando ao padre problemas particulares como briga de vizinhos, problemas entre casais ou mesmo com os filhos.

Lembro-me de um acontecimento grave num domingo festivo quando a cidade recebia pessoas de vários locais das redondezas, fazendeiros, mesmo romeiros de outras cidades. Nesta ocasião, celebravam-se casamentos e batizados.

 

Durante a celebração de uma missa, uma moça (depois, soubemos que era a noiva) fez sua confissão, discretamente. Logo depois, chegou um senhor, para se confessar. Após alguns minutos de conversa, com o padre, querendo saber o que tanto tinha conversado com sua noiva e porque com ele a coisa foi tão rápida. Então, foi do lado de fora da Igreja (que passava por reformas), encontrou um pedaço de caibro de madeira e voltou dizendo que ia matar o padre.

 

Pensamos em sair correndo da Igreja, mas o nosso coordenador orientou-nos a continuar sentados, para dar exemplo aos demais paroquianos.

 

O homem, vendo que o padre não saía do cubículo, colocou o porrete no chão, enquanto enxugava o suor antes de acender um cigarro. Foi quando se aproximou dele, um senhor de terno branco, bem alinhado, pedindo calma tentando desviar sua atenção.

 

Esse senhor, - que depois soubemos, era um policial federal, que também estava na cidade para se casa e estava também na fila para se confessar - afastou disfarçadamente o porrete com o pé, para o lado dos nossos bancos, fazendo-nos um sinal, Um dos garotos, esticou a perna com cuidado e assim, fomos passando para frente afastando-o do agressor.

 

Só que num desses movimentos, um menino não soube fazer a manobra e o madeiro que era quadrado, fez um barulho despertando a ira do maníaco que partiu para cima de nós e claro, garotos (seminaristas ou não), sempre são mais espertos e começamos a chutar de um para outro, por baixo dos bancos. Mesmo com muito medo

So que o policial  resolveu segurar o homem no que foi ajudado por outros quatro, Foi uma meia hora de luta para dominá-lo, sendo depois de muito trabalho, amarrado e aprisionado e levado para um sanatório da cidade. Nunca tinha visto uma pessoa louca, mas aquele homem parecia uma fera, difícil de ser controlada, tanto que depois de amarrado e dominado, o policial não se conteve e desferiu-lhe um soco no queixo que o fez desmaiar. E, acredito, o casamento nõ se realizou.

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